Voltar

São Paulo e Rio sem energia

O caminho da Enel em São Paulo está chegando ao fim, mas isso é só o começo, a Light está indo pelo mesmo caminho - falta coragem

Edição: 529
Data da Publicação: 19/12/2025

São Paulo ficou dias sem energia, milhões de pessoas no escuro. Isso não é um detalhe técnico, é um fato político. O mesmo campo ideológico que defende o Estado mínimo, que sempre diz que privatizar tudo é a solução, agora reclama do resultado do próprio modelo, experimenta do próprio veneno ? quando dá errado, terceiriza-se a culpa.

Constituição Federal e a lei das concessões

A Constituição Federal, em seu artigo 175, afirma que o Estado pode conceder, mas continua responsável pela continuidade, pela eficiência e pela adequação do serviço. A lei das concessões exige que o serviço seja adequado, regular, contínuo, seguro e com tarifa módica.

Energia é serviço essencial ligado ao direito à vida, à saúde, à dignidade da pessoa humana, não é mercadoria. A experiência brasileira tem demonstrado que privatizar serviços essenciais como a energia não entrega o que promete, o lucro passa a falar mais alto do que o interesse público, e quem paga a conta é a população por um serviço caro e ineficiente.

40 bilhões de lucro

Toda privatização transforma um direito básico em mercadoria, e, quando isso acontece, o objetivo da empresa não é mais atender a população e sim cortar gastos e aumentar o lucro para os acionistas. A conta de luz em São Paulo aumentou, somente esse ano, quase 15%, enquanto a controladora da Enel, que é uma empresa italiana, tem previsão de registrar um lucro líquido ordinário de quase 40 bilhões de reais até o final desse ano.
Os milhões de pessoas de São Paulo que pagam essa conta estão agora ainda sem energia, perdendo alimentos na geladeira, impossibilitadas de trabalhar, de estudar e de fazer outras atividades. 

E é engraçado que, agora, e de forma populista, os políticos que defendem privatizações e fazem com que elas aconteçam estão pedindo ajuda para o governo federal para resolver esse problema em São Paulo, ou seja, quando a situação aperta, é o Estado "ineficiente" que tem que vir para salvar.
Que jamais nos esqueçamos de que toda privatização é um roubo em cima da população. Direito básico não pode depender da lógica do lucro. Serviço essencial não pode virar aposta de mercado, e, quando isso acontece, quem perde é sempre quem mais precisa.

Agora eu te pergunto: o Estado mínimo melhorou o serviço público ou apenas socializou o prejuízo?